domingo, 27 de abril de 2008

Metrô de Brasília tem cinco novas estações



Especialista adverte que só integração com outros meios de transporte garante trânsito melhor

Em comemoração aos 48 anos de Brasília, foram inauguradas este mês cinco novas estações do metrô. A abertura de quatro paradas em Ceilândia e uma na Asa Sul aumenta para 21 o número de estações do metrô em funcionamento. Com isso, o Governo do Distrito Federal (GDF) estima que até 2010 o sistema atenda cerca de 300 mil passageiros por dia, o que deve ajudar a desafogar o trânsito de automóveis na região central da capital.

As estações da 108 Sul, Guariroba, Ceilândia Centro, Ceilândia Norte e Terminal Ceilândia se somam às 16 estações já abertas, ampliando a utilização de um meio de transporte conhecido por reduzir congestionamentos, emissões de gases poluentes e poluição sonora. O Metrô-DF destaca também a rapidez, pontualidade, segurança e limpeza do sistema. De acordo com a assessoria do órgão, com esse conforto a população pode deixar seus carros em casa, sem abrir mão de viajar com qualidade.

As estações de metrô da Asa Sul também funcionam como passagens de pedestres, ligando os eixos L e W e evitando que os pedestres atravessem o Eixão. Segundo Paulo Cesar Marques da Silva, doutor em Engenharia de Transportes e professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília, as novas estações também facilitam a integração com o sistema de ônibus, aumentam o fluxo de pessoas na área e valorizam os imóveis da região.

Apesar das vantagens, a população ainda está insatisfeita. Rafael de Carvalho Silva, morador de Ceilândia Norte, diz que não usa o metrô porque trabalha na Asa Norte. “O metrô não chega nem perto de onde trabalho. É mais fácil e mais barato pegar o ônibus mesmo”, explica. Paulo Cesar diz que a maior parte da população do DF mora ao sul da cidade, no triângulo que se forma entre o Plano Piloto, Ceilândia e Gama. “A circulação de pessoas e a demanda por transporte no lado norte é bem menor. É também uma questão econômica”, acrescenta.

Allana Oliveira Amorim, moradora de Águas Claras, pega o metrô todos os dias para trabalhar. Segundo ela, a principal vantagem é fugir do trânsito. “É muito mais rápido e me causa menos stress”, diz. Allana acrescenta ainda que o sistema de metrô é satisfatório para ela, mas não para a maioria das pessoas. “Meu marido não pega o metrô porque não existe estação perto do trabalho dele”. Outra reclamação de parte da população é a distância entre as estações. “São poucas e a distância entre elas é muito grande. É sempre preciso pegar o metrô mais um ou dois ônibus para chegar em algum lugar”, diz Rafael.

Paulo Cesar concorda e explica que a organização pouco densa do DF é a principal razão dessa distância. “Muitas estações seriam pouco úteis devido à baixa densidade populacional. Por isso é tão importante a integração do metrô com ônibus, microônibus, carros e táxis”. O professor destaca ainda que um número maior de estações aumenta a duração da viagem. “É uma questão de equacionar o benefício de atender mais pessoas contra o aumento do tempo de deslocamento”.

A integração dos sistemas de transporte do Distrito Federal é prometida há anos, mas até hoje não saiu do papel. O Metrô-DF garante que as estações já estão equipadas para atender ao novo sistema de bilhetagem automática do DF, parte do programa Brasília Integrada. No entanto, o órgão acrescenta que a implantação da integração é de responsabilidade da Secretaria de Transportes. O metrô também será integrado com o chamado metrô leve, de superfície, que será instalado na W3 Sul.

O professor Paulo Cesar defende que também é importante um aumento do transporte não motorizado, realizado a pé ou de bicicleta. “Mas as pessoas têm dificuldade de caminhar em Brasília. Faltam calçadas, por exemplo”, reclama. Para ele, é preciso melhorar o acesso aos pontos de ônibus e estações de metrô para estimular as pessoas a caminhar.

O GDF planeja continuar expandindo o metrô nos próximos anos. As obras das estações 102 e 112 Sul e Guará já foram autorizadas pelo governador José Roberto Arruda. Além da abertura dessas estações já previstas, a linha também será estendida. Samambaia ganhará mais 3 km de linha e duas estações, e a primeira etapa da expansão da Asa Norte será uma estação na altura do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), prevista para 2010. A moradora de Águas Claras, Allana Amorim, apóia a inauguração de novas estações, mas diz que a velocidade dos trens, que para ela já é baixa, teria que aumentar. “Senão não ia valer a pena”.